UBS passa a preferir Unidas entre locadoras, rebaixa Localiza e vê expansão do setor ‘intacta’

O UBS alterou sua opinião sobre as locadoras de veículos do Brasil na esteira dos impactos do coronavírus no setor.

De acordo com o banco suíço, a ação da Locamerica Unidas (LCAM3) tem o maior potencial de valorização entre as empresas do meio neste momento, de 16%, em razão de seu múltiplo relativamente atrativo e de sua maior exposição à locação de frota. A recomendação para o papel foi elevada de neutra para compra, e o preço-alvo passou de R$ 20,8 para R$ 19.

Segundo o UBS, o covid-19 teve efeitos diferentes nas divisões da indústria, já que a receita com locação de carros caiu aproximadamente pela metade em abril, enquanto que a receita com locação de frotas se manteve estável no período.

O aluguel com veículos representa perto de 76% da receita da Localiza (RENT3) e 72% da Movida (MOVI3), respondendo apenas por 44% da Unidas — a estimativa do UBS é que cada uma das empresas perderam 42%, 35% e 23%, respectivamente, da receita no mês retrasado.

Os impactos negativos destoantes em partes da indústria explicam também o rebaixamento nas recomendações de Localiza e Movida, cortadas de compra para neutra. Os preços-alvo das ações foram diminuídos de R$ 56 para R$ 46 e de R$ 19,2 para R$ 14,5, respectivamente. O papel da Localiza tem potencial de alta de 12%, e o da Movida, de 10%.

O UBS acredita que, apesar dos fatores de crescimento a longo prazo da indústria permanecerem intactos, o nível do múltiplo da Localiza está num patamar “justo”.

“Esperamos que a Localiza e a Movida registrem pequenos prejuízos para o fim de 2020, mas que a Unidas entregue quase metade do lucro líquido de 2019”, diz o banco. A projeção é de que o lucro líquido da Unidas deve voltar aos níveis de 2019 ao fim de 2021.

O UBS prevê que a razão entre o preço por ação e o lucro por ação das Localiza em 2022 seja de 27x, a da Unidas, de 18x, e a da Movida, de 12x.

Por volta das 15:30, os papéis da Localiza caíam 3,36%, para R$ 39,64, no Ibovespa.

Retomada intacta

O UBS apresenta otimismo em relação aos fatores de crescimento para o setor. O banço suíço avalia que esses fundamentos permanecem praticamente intactos, e alguns podem até se fortalecer devido aos efeitos da pandemia.

“No aluguel de carros, a demanda pode vir de pessoas mudando do transporte público para Uber, alugando carros e locações mensais, enquanto que para o aluguel de frotas, as empresas provavelmente aumentarão a terceirização de veículos”, disse o UBS, notando que apenas 9% da frota corporativa é terceirizada, contra média de 29% em outros países selecionados.

Além disso, o UBS aposta que a consolidação provavelmente se acelerará na divisão de aluguel de frotas, já que pequenas empresas lutam contra dificuldades no atual ambiente.

Ao mesmo tempo, as vantagens competitivas das grandes companhias têm custos de dívida e descontos no preço dos carros provavelmente terão um papel ainda maior, diz o UBS.

Seminovos

O banco vê que a demanda por oferta de veículos usados possa ser desfavorável nos próximos trimestres, já que lojas e pessoas vendem carros usados para arrecadar dinheiro, enquanto a taxa de desemprego em alta provavelmente pesará sobre a demanda — que pode ser apenas parcialmente compensada por uma mudança para o transporte público.

Deste modo, o UBS espera margens Ebitda negativas de um dígito na divisão “Seminovos” das empresas do 2º ao 4º trimestre.

No entanto, segundo o relatório, fabricantes de equipamentos originais poderiam aumentar substancialmente os preços dos veículos novos no 2º semestre devido à alta do dólar, sustentando os preços de carros usados.

Em abril, a Movida vendeu 76% do seu volume médio mensal do 1º trimestre. Enquanto isso, Localiza e Unidas venderam de 20 a 30%, o que poderia explicar por que a Movida realizou impairment de cerca de 4% de sua frota no trimestre inicial do ano.

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