Com tecnologia, até "banguela" vira recurso para economizar combustível

Um velho ditado popular — a necessidade faz a ocasião — se aplica ao mundo automobilístico. Se a prioridade é economizar combustível e diminuir a emissão de gases que aquecem a atmosfera (no caso de combustíveis de origem fóssil), nada mais natural que recursos financeiros e inteligência se juntem.
Esse esforço incluiu automatizar recursos primários usados no passado, quando o motorista manualmente desligava o motor nos congestionamentos. Hoje, com reforço no motor de partida e ajuda eletrônica para monitorar a carga da bateria e funcionamento do ar-condicionado, muitos carros contam com sistema start-stop (ou stop-start, desligar-ligar o motor quando o carro para).
O passo seguinte foi antecipar o corte do motor, em geral abaixo de 20 km/h, quando o motorista tira o pé do acelerador para diminuir gradualmente velocidade antes de parar no semáforo, por exemplo. Parece economia de combustível muito pequena, mas no tráfego urbano não é nada desprezível.
Que tal, então, desconectar o motor do câmbio, deixando-o funcionar em marcha-lenta ao levantar o pé do acelerador para economizar ainda mais, prática conhecida por “banguela”? Essa manobra sempre foi condenada pelos riscos de segurança e considerada infração prevista no Código de Trânsito.
No entanto, agora existe uma versão moderna e segura da banguela com o nome de coasting, em inglês algo como “rodar no embalo”. No entanto, há algumas condições (pista plana ou descidas bem suaves) em que programas assumem a responsabilidade de eliminar a ligação do motor com a transmissão do veículo, que fica funcionando em marcha lenta. O motor é reconectado ao câmbio instantaneamente, se o motorista tocar no pedal de acelerador ou de freio.
DESPERDÍCIO DE MAIS DE 30%
Testes feitos pela Bosch apontam que o motor funciona sem necessidade, em média, por cerca de um terço de sua jornada diária. Por que não aproveitar ainda mais as benesses das leis de gravidade/inércia e economizar até 10% extras de combustível? Assim, criou um sistema chamado de coasting + start-stop para desconectar motor e transmissão (banguela), além de também desligar o motor em velocidades inferiores a 120 km/h, até que o motorista freie ou acelere. Dessa forma aproveita o embalo por uma distância maior, sem consumir uma gota de combustível.
As salvaguardas para evitar riscos são a utilização mandatória da direção de assistência elétrica, que independe do motor para funcionar, e monitoramento do vácuo do servofreio, religando o motor caso necessário.
No caso do câmbio automatizado de duas embreagens fica ainda mais fácil, pois pode desligar o motor quando o carro para ou mesmo se está movimento, assim que o motorista levanta o pé do acelerador. Cabe, então, ao gerenciamento do novo sistema desligar e ligar o motor, de acordo com os parâmetros de segurança (servofreio e inclinação da pista).
Com câmbio manual o sistema fica mais caro por necessitar de um controle eletrônico suplementar.
Para conseguir mais 15% de economia ainda se pode combinar o coasting + start-stop com recuperação da energia de frenagem, gerador/motor elétrico auxiliar mais potente (sistema 48 volts) e bateria compacta de íon de lítio.
Portanto, cortar o consumo em 25% está ao alcance da indústria — em função de muito esforço de pesquisa.
Por Fernando Calmon, do Uol.

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