Montadoras podem ter paradas até o fim do ano por falta de componentes, diz Anfavea

A atividade vem sendo comprometida por falta de componentes, sobretudo eletrônicos, e pressão de custo pelo aumento no preço de insumos como o aço.

 

A direção da Anfavea, entidade que representa as montadoras no Brasil, reforçou nesta terça-feira, 8, durante a divulgação dos resultados da indústria automotiva de maio, a visão de que a crise no abastecimento de componentes eletrônicos não tem solução de curto prazo, devendo provocar novas paradas de produção de automóveis até o fim do ano.

Ao observar que a capacidade de produção global de semicondutores não cobre a demanda deste ano, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, lembrou de previsões de especialistas e fornecedores que apontam para uma normalização no fornecimento do insumo somente em 2022.

“Teremos algumas emoções até fim do ano”, afirmou Moraes, ao apontar a tendência de as interrupções que vêm limitando a produção das montadoras continuarem no segundo semestre.

Resultado de um descompasso provocado pela retomada rápida dos pedidos da indústria com a digitalização da economia na pandemia (maior demanda por chips em transmissão de dados e aumento no uso de aparelhos eletrônicos pelo isolamento social), a falta de semicondutores se tornou o novo gargalo da indústria de transformação, segundo Moraes, levando a perdas de 3% a 5% da produção global de veículos, conforme estimativas.

“Até o fim do ano, podemos ter no mundo e no Brasil paradas por falta de semicondutores”, disse o presidente da Anfavea.

Segundo ele, a complexidade do insumo, como o design dos semicondutores e a necessidade de grandes investimentos em capacidade e desenvolvimento de uma indústria fragmentada e concentrada na Ásia explicam por que não há perspectiva de solução de curto prazo para a falta de componentes eletrônicos.

A previsão da Anfavea da produção deste ano, de 2,5 milhões de veículos, não será alterada, pois já levava em conta o risco de fornecimento. Moraes reconheceu, no entanto, que a entrega de alguns modelos às concessionárias está levando semanas em função da dificuldade das montadoras em aumentar a oferta. O estoque de veículos nos pátios de concessionárias e montadoras segue suficiente para apenas 15 dias de venda. “O que mais preocupa agora são os semicondutores”, afirmou Moraes.

Produção de veículos sobe 1% em maio

Com 192,8 mil veículos, a produção da indústria automotiva teve tímido crescimento de 1% em maio frente a abril, informou a Anfavea, em número que engloba carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.

A atividade vem sendo comprometida por falta de componentes, sobretudo eletrônicos, e pressão de custo pelo aumento no preço de insumos como o aço.

Em relação a maio de 2020, o crescimento foi de 347,6%, porém a comparação aqui é contra um período em que as montadoras ainda estavam religando as máquinas depois da paralisação completa na chegada da pandemia ao País, com as concessionárias também fechadas por causa do risco de contaminação.

Após recomporem minimamente os estoques de materiais nas semanas paradas pela segunda onda da pandemia entre fim de março e começo de abril, a indústria funcionou com menos interrupções de linha no mês passado. O alívio na crise de abastecimento foi, no entanto, apenas momentâneo, já que diversas montadoras estão voltando a parar porque não há componentes eletrônicos suficientes à produção de automóveis.

Agora, a indústria automotiva acumula alta de 55,6% na produção do ano, com 981,5 mil unidades montadas entre janeiro e maio.

As vendas no País, um total de 188,7 mil veículos, subiram 7,7% frente a abril, enquanto as exportações avançaram 9,1%, chegando a 37 mil unidades. No comparativo com maio de 2020, o crescimento foi de 203,4% nas vendas e de 855,4% nos embarques, que têm a Argentina como principal destino.

De janeiro a maio, as vendas acumularam alta de 31,9%, num total de 891,7 mil veículos. Na mesma base de comparação, as exportações, de 166,6 mil unidades nos cinco primeiros meses do ano, tiveram alta de 66,5%.

O balanço da Anfavea mostra ainda que as montadoras fecharam 605 vagas de trabalho no mês passado. O setor emprega agora 104,1 mil pessoas.

Fonte: Estadão

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