Em 2015, tarifa predatória continua sendo um dos grandes problemas do setor

Só existe uma certeza sobre 2015: será um ano duvidoso para a vida econômica do país. E, se existe algo que atrapalha a economia de qualquer lugar do planeta, essa coisa é a dúvida. O mundo financeiro gosta de ter absolutas certezas que gerem conclusões afirmativas e possibilitem sonhos com previsões otimistas constantes. Pois bem, o cenário brasileiro que se desenha é exatamente o oposto disso.
No setor de aluguel de carros, a voz corrente entre os empresários é aquela que percebe 2015 com muito pessimismo. Marco Aurélio, da XX e conselheiro fiscal do SINDLOC-MG, listou como problemas possíveis, para além da instabilidade econômica, o aumento no número de roubos de automóveis, o crescimento da inadimplência e a elevação do preço dos veículos. “Em 2014, as montadoras praticaram um aumento expressivo acima da inflação. Agora, a partir de janeiro, teremos o retorno no IPI. Esses custos afetam nosso negócio e interferem diretamente na nossa renovação de frota que é necessária para qualquer empresa que se pretende fazer competitiva no mercado”, lembra ele.
Para Saulo Froes, da Lokamig Rent a Car e Presidente de Honra do SINDLOC-MG, 2015 será um período difícil para todos os empresários. “As empresas que não se adaptarem aos novos tempos terão problemas enormes. Será um ano que exigirá um controle rígido de custos e de receita compatível, evitando as tarifas predatórias que estão pipocando cada dia mais no mercado”, diz ele.
De fato, a tarifação incorreta é uma espécie de praga que se alastra pelo segmento. Segundo Saulo, as empresas precisam entender que “uma hora a conta chega” e os principais prejudicados são os próprios empresários que as praticam. “De uma forma geral, algumas tarifas não cobrem nem os custos básicos de uma locadora e, pouco a pouco, as contas daquela empresa não batem, gerando prejuízos e, consequentemente, fechamento das portas. Existe nisso algo ainda mais danoso: a desvalorização do mercado como um todo. Aos poucos, os preços chegam a patamares tão baixos que os clientes percebem a ausência de profissionalização do setor”, lembra ele.
É nessa tacla que algumas instituições representativas vem batendo. “O SINDLOC-MG, com seus cursos, e a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis – Abla, com o Preço Justo, têm trabalhado muito a questão da tarifação. Ainda assim, com todos essas possibilidades de se entender melhor a forma de precificar, em geral, o valor do aluguel de carro continua caindo, gerando uma rentabilidade cada vez menor”, lembra Marco Aurélio.
A questão da precificação é percebida até pelos empresários otimistas em relação a 2015. Segundo Márcio Lanza, da Locvel, a solução para a tarifa predatória é conscientização e união. “Nossa empresa abriu as portas em 2008, um ano muito difícil para todo o mundo por conta da crise financeira internacional. Se a gente conseguiu sobreviver e crescer nesse contexto, 2015 não será capaz de nos afetar negativamente. Mas, para isso, o mercado precisa se profissionalizar, entender seus custos, receitas e despesas, e podemos aprender isso juntos, por meio das ações dos sindicatos”, sugere ele. Saulo Froes concorda. “Se 2015 já vai ser difícil a partir das previsões divulgadas, ele será ainda mais difícil se não existir união entre os empresários”, diz ele.
Entre as atividades já programadas para o novo ano, o SINDLOC-MG prevê workshops para se aprender a calcular com exatidão as tarifas da sua empresa. A previsão é que elas aconteçam a partir de junho.
Da Revista SINDLOC-MG.
Verdade dos preços
A decisão sobre o preço das tarifas é uma decisão administrativa, que compete a cada uma das locadoras, sem quaisquer ingerências ou sugestões da Abla. No entanto, é possível afirmar que, no Brasil, o setor de locação de automóveis pratica, em média, preços comparativamente mais baixos em relação a outros países, inclusive em relação aos preços verificados hoje nos Estados Unidos, mais especificamente na Flórida. Desde a implantação do Plano Real, em 1994, nossa tarifa média sofreu redução em valores reais (descontada a inflação).
De lá para cá, as locadoras que atuam com responsabilidade promoveram revisões em suas operações, em busca não somente de uma estrutura adequada à realidade do mercado nacional, mas sobretudo visando a ganhos em escala, que pudessem viabilizar essa política de preços enxutos.
O êxito dessas locadoras certamente tem sido decisivo para o desenvolvimento da cultura da locação entre os clientes brasileiros. Preços comparativamente mais baixos que os do exterior têm gerado mais locações e economia de escala, permitindo mais investimentos e aumentando o volume de carros adquiridos.
Todavia, é preciso que a definição das tarifas, que, repetimos, é uma decisão administrativa que compete a cada uma das locadoras, obedeça a princípios elementares de manutenção da locação como atividade produtiva, geradora de divisas e de empregos. Alugar por preços que sequer pagam o financiamento do carro locado é uma prática autofágica, que certamente leva à falência de quem nela apostar.
Segundo os indicadores da Abla, o número de empresas que atuam no setor diminuiu nos últimos anos. Exatamente porque muitas locadoras que operavam com valores abaixo da realidade tiveram de fechar as portas. O mercado dá provas de que não há espaço para esse tipo de estratégia, que desvirtua a própria atividade. O cliente precisa estar ciente de que a tarifa mantida dentro da realidade é positiva também para ele, pois é mais um fator favorável à qualidade esperada da locação de automóveis.
De todo modo, os preços do mercado brasileiro já são os melhores possíveis para o cliente, seja pessoa física ou jurídica. O preço justo cobrado no Brasil pela locação de automóveis tem sido um ponto de partida importante para um crescimento sustentado do negócio, que certamente verificaremos também ao longo dos próximos anos.
Da Abla.

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