Crescer: Comprar outra locadora é a forma mais rápida para crescer

Um dia o farmacêutico Jesus Nor­berto Gomes, na tentativa de fa­bricar um remédio, produziu um xaro­pe que misturava 17 ingredientes entre eles: guaraná, cafeína, cravo e canela. Ainda que frustrado, a bebida agradou seus netos e depois os amigos dos seus netos, a vizinhança do bairro, depois o outro bairro e quando se notou, toda a cidade de São Luís, no Maranhão, conhecia a fórmula. Nascia então, em 1920 a bebida mais popular do estado: Guaraná Jesus.

Durante 40 anos, o refrigerante foi fabricado pela família do farmacêutico, mas em 1960, a Cervejaria Antarctica comprou a fábrica. E a estratégia era ­conhecida: de repente, não se encontrava mais Guaraná Jesus à venda. Os herdeiros e os consumidores passaram a reclamar publicamente, e, logo após uma briga judicial o contrato foi rompido. Guaraná Jesus voltou então para as prateleiras! A bebida chegou a ser a mais vendida na categoria e passou a incomodar a maior empresa dos segmento do mundo, a Coca-Cola.

Durante anos, a empresa norte-americana tentou adquirir a marca, mas só em 2001 conseguiu. A resistência virou motivo de orgulho para os maranhenses e o boicote passou a ser desconsiderado pela The Coca-Cola Company. Hoje, aparentemente, todos vivem felizes para sempre. Fim!

A história do Guaraná Jesus, onde uma grande empresa compra uma menor, é comum em qualquer mercado. No segmento de locação, os exemplos são muitos. Em 2013, a JSL, antiga Júlio Simões Logística, adquiriu a Movida Rent a Car por R$ 65 milhões. Neste mesmo ano, a Unidas comprou a Best Fleet por um valor próximo aos R$185 milhões. Foi assim também com a Hertz que adquiriu a Dollar Thrifty. E, recentemente, a Let’s, do grupo Mora­da, do interior de São Paulo, comprou as redes mineiras de terceirização de frotas Salute e Valoriza.

Mas quando isso acontece, o que se perde? Ou, o que se ganha? As opini­ões dos empresários e profissionais do segmento se dividem. Para Dálcio Amorim, da Dac Locadora, e Alexsan­der Andrade, da Vip Locação, a venda de empresas menores para as maiores é um fator negativo porque reduzem as possibilidades de novos negócios. “A gente vive essas fusões muito pela falta de crédito com taxas competitivas para os pequenos. Isso dificulta o crescimento dessas empresas”, afirma Andrade.

Para Ronan Valério, da King Rent a Car, as fusões tendem a tornar o mercado mais profissional “O nível da prestação dos serviços são elevados pelas grandes empresas porque elas são mais organizadas e têm melhores condições de operar com mais garantias aos clien­tes. Além disso, atuam com custos mais apurados”, afirma.

Para Ricardo Moreira, da ESL Rent a Car, as fusões colaboram para a sus­tentação de um mercado mais sólido. Na avaliação dele, o risco de quebra das pequenas locadoras é eminente. “Os pequenos estão se tornando pou­co competitivos em termos de preço e a tendência de sumirem é muito grande”, diz.
No caso da compra da Let’ s, a prin­cipal beneficiária é a própria Let’ s que ampliou seu campo de atuação e soma agora uma frota de 7 ,5 mil carros. Além disso, envolveu um processo de endi­vidamento zero, já que toda a fusão se deu em torno de troca de ações. “Como o crédito está restrito, associar-se a empresas boas, sólidas e com bons contratos faz todo o sentido”, afirmou Felipe Trench, do Grupo Morada, que adquiriu a Let’s.

A Let’s também planeja manter todas as marcas. “As empresas Salute e Valoriza foram mantidas pois tem seus contratos e ativos separados e devem cumprir estes contratos normalmente. A convergência de marcas, na prática, ainda não foi discutida. Aproveitamos outras sinergias na parte administrati­va, aproveitando a estrutura existente na Let’s, já que algumas estruturas das três empresas eram redundantes”, ex­plica ele. Assim como no caso do Gua­raná Jesus, que se mantém nas pratelei­ras de todo o país, esse também parece ser um final feliz!

Fonte: Sindloc MG – Ano XIII – Edição Número 81 – 2016, Páginas 6 e 7, Por Leandro Lopes

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