Quanto mais dinheiro a pessoa ganha, pior é sua noite de sono

Há muitas vantagens em se ganhar mais dinheiro, mas conseguir uma boa noite de sono pode não ser uma delas. Em geral, o que acontece é que, quanto mais dinheiro as pessoas ganham, menos elas dormem. Essa é uma verdade antiga nos Estados Unidos e também em outros países.
Em média, os adultos com os maiores rendimentos – cerca de US$ 98 mil em uma família de quatro – dormem 40 minutos a menos do que as pessoas de famílias de menor renda. No grupo dos que dormem pouco, o número de pessoas de alta renda é desproporcionalmente alto, de acordo com o levantamento do governo, no qual os pesquisadores do sono têm maior confiança.
Dormir muito pouco é realmente ruim para a saúde. Cientistas já demonstraram que, para a maioria das pessoas, dormir menos de seis horas por noite resulta em deficiências cognitivas. Pouco sono também está associado a uma série de outros problemas e ao aumento do risco de morrer em um acidente de carro.
Em geral, o fator que parece mais intimamente vinculado à quantidade de sono é o volume de trabalho. Muitas horas de trabalho tendem a desencorajá-lo. As pessoas que têm dois empregos são as que dormem menos, de acordo com um estudo recente, e têm maior probabilidade de estar no grupo dos 10% que dormem menos.
Vejamos a Grande Recessão (período de crise econômica que ocorreu após 2008 nos Estados Unidos): os norte-americanos dormiram mais durante 2009, 2010 e 2011, quando o desemprego era alto. Provavelmente não foi porque estivessem pouco estressados ou porque tomaram atitudes para melhorar o sono, mas sim porque havia menos gente trabalhando. Note-se também que os aposentados dormem mais do que os que estão em idade ativa, mesmo com o declínio da necessidade biológica de dormir na velhice.
O que tira o sono. “O principal determinante do sono é realmente o trabalho. As pessoas que trabalham muitas horas estão muito mais propensas a dormir menos”, disse Mathias Basner, professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Pensilvânia, que estuda quem dorme pouco.
Outras atividades que aparentemente afetam o tempo de sono: deslocar-se para o trabalho, assistir a televisão à noite e a toalete matinal, de acordo com o trabalho de Basner. Para uma pessoa que está tentando dormir mais sem cortar as horas de trabalho, Basner recomenda evitar a TV antes de dormir, passar menos tempo se preparando para ir trabalhar e morar perto de seu local de trabalho.
Essas descobertas provêm de um levantamento chamado Pesquisa Americana do Uso do Tempo. Pesquisadores do governo pediram a um grupo de norte-americanos para contabilizar cada minuto de um dia, e as respostas resultantes forneceram um retrato de como gastam seu tempo.
“Existem muito mais dados sobre os EUA para se trabalhar”, disse Daniel Hamermesh, professor de economia da Universidade do Texas, em Austin, e da Royal Holloway University of London.
Hamermesh analisou os dados mais recentes da pesquisa do uso do tempo e descobriu que as pessoas de maior renda dormiram menos do que os pobres e tinham maior probabilidade de estar no grupo dos que dormem pouco.
Hamermesh tem uma teoria econômica sobre a relação entre renda e sono: quanto maior sua capacidade de ganhar dinheiro, mais vale a pena sacrificar seu sono em nome do trabalho.
Por Margot Sanger Katz, do The New York Times.

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