Com 5,7 milhões de visitantes, parques nacionais registram recorde

Com 5,7 milhões de visitantes, os parques nacionais do país registraram um recorde em 2013. Dados do Instituto Chico Mendes (ICMBio) obtidos pelo G1 mostram que houve 320 mil visitas a mais no ano passado em comparação com 2012. Trata-se do maior número desde a criação das unidades.
O Parque da Tijuca, no Rio, é responsável por metade dos registros (2.899.972 visitantes). Parte da procura se deve ao fato de a unidade abrigar o Mirante do Corcovado e o Cristo Redentor – considerado uma das sete maravilhas do mundo. O parque, que ocupa 3,5% da área do município do Rio de Janeiro, abriga ainda diversas espécies ameaçadas de extinção, como o gavião-pomba e o morcego-vermelho.
Segundo Ernesto Viveiros de Castro, chefe do Parque Nacional da Tijuca, um maior controle das visitas em determinadas áreas e a realização de eventos como a Jornada Mundial da Juventude, em julho, ajudaram a aumentar o número de turistas. Apenas na JMJ, quando o Papa Francisco esteve na cidade, foram 350 mil visitantes.
No entanto, segundo Castro, a capacidade do parque já apresentou sinais de saturação ao longo do ano passado. Exemplos foram as filas de até cinco horas no Largo do Machado (de onde saem as vans em direção ao Corcovado) e falhas no sistema de trens que levam até o Cristo Redentor, “aprisionando” turistas no meio da floresta até que fossem resgatados.
“Vem crescendo ano a ano [a visitação], mas estamos próximos de atingir a capacidade de suporte do parque. Na alta temporada, por exemplo, temos que parar de vender ingresso. Tem mais gente querendo vir e filas vão sempre ter, assim como em qualquer grande monumento do mundo como a Torre Eiffel (Paris) e a Estátua da Liberdade (Nova York)”, diz.
Castro explica que, para melhorar o acesso dos turistas, desde o ano passado a venda de bilhetes para o Corcovado é feita pela internet, com agendamento de dia e hora, e será aberto até maio deste ano o edital de licitação para substituir os trens e reformar as estações do parque – investimento de R$ 100 milhões, com previsão de conclusão para 2017, após as Olimpíadas de 2016.
Além disso, deverá ser concluída a revitalização do Hotel Paineiras, que vai abrigar um centro de visitação, restaurantes e loja de souvenir. A obra está suspensa após receber laudo de embargo administrativo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O documento alega que a “intervenção proposta se torna incompatível com as premissas de preservação, visto que afeta substancialmente o caráter de unicidade da paisagem”.
Cataratas do Iguaçu
O outro parque que concentra boa parte das visitas no ano é o do Iguaçu, no Paraná, que conta com as famosas cataratas. Apesar do 1,5 milhão de turistas, no entanto, o dado de 2013 é um pouco menor que o de 2012, o que encerra uma escalada nas visitas de quase cinco anos.
De acordo com a concessionária Cataratas do Iguaçu S.A, que administra o parque nacional, um número menor de feriados prolongados em 2013 em comparação ao ano anterior e a crise econômica no exterior foram as principais causas da queda de visitantes. O chefe do parque, Jorge Pegoraro, diz que as dificuldades econômicas vividas pelos países influenciaram bastante na redução de visitantes estrangeiros, que costumam sair principalmente da Argentina, Paraguai e Estados Unidos.
Alguns parques importantes também registraram queda na visitação. O Parque de Brasília, por exemplo, é o que teve a maior baixa: foram 248 mil visitas em 2013, ante 318 mil em 2012. Já outras unidades começaram a despertar mais a atenção, como o Monte Roraima e o Parque do Superagui. Em 2013, foram incluídos ainda na conta dois novos parques (o do Viruá, em Roraima, e as Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais). Somados, no entanto, eles receberam apenas 1.695 visitantes.
O principal desafio hoje é ampliar essa visitação nas unidades. Segundo a analista ambiental Beatriz Gomes, da Coordenadora de Estruturação da Visitação e Ecoturismo do ICMBio, algumas características particulares fazem com que Tijuca e Iguaçu concentrem a maioria dos visitantes, como “estarem localizados na área urbana (Tijuca) ou muito próximo dela (Iguaçu), estarem inseridos em regiões que são destinos turísticos bem estabelecidos, estruturados e divulgados e contarem com atrativos que recebem o ‘turismo de massa'”.
Em relação às demais unidades, ela cita alguns fatores que dificultam uma maior visitação. “Há dificuldade de acesso e deficiência na estrutura do receptivo turístico em algumas regiões. Em outros casos, há lentidão inerente aos processos de regularização fundiária (indenização de áreas particulares), necessidade de elaboração ou revisão dos instrumentos de planejamento da gestão da área como um todo”, diz.
“Para ampliar a visitação nos parques, de forma geral, é preciso melhorar a comunicação com a sociedade, estimulando-a a visitar as áreas protegidas. O ICMBio pretende implantar mudanças no portal e elaborar, em conjunto com o Ministério do Turismo, uma campanha de promoção da visitação aos parques”. Segundo ela, têm sido oferecidas também novas opções aos visitantes, como trilhas com pernoite, circuitos de ciclismo e atividade de observação de fauna para atrair mais interessados.
O que são parques nacionais
Dentro do grupo de proteção integral, os paques nacionais são, segundo o ICMBio, a mais popular e antiga categoria de unidades de conservação. O objetivo, segundo a legislação brasileira, é preservar ecossistemas de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas, realização de atividades educacionais e de interpretação ambiental, recreação e turismo ecológico, por meio do contato com a natureza.
Há hoje 69 parques nacionais no país, mas apenas 33 estão estruturados para receber visitantes. O ICMBio diz que, para 2014, foi selecionado um conjunto de 16 que estão recebendo melhorias nas estruturas de atendimento ao visitante. Até 2016, devem ser implantadas atividades e estruturas, prioritariamente, em outros 11. O ICMBio diz que elabora uma estratégia para fazer com que todos os parques tenham algum atrativo adequadamente preparado para o visitante até 2020.
VEJA INFORMAÇÕES DOS DEZ PARQUES MAIS VISITADOS:
Tijuca – 2.899.972 visitas
ONDE FICA A SEDE: Rio de Janeiro (RJ)
COMO CHEGAR: A pé, de bicicleta, motocicleta, carro e ônibus no centro. Para conhecer a estátua e o mirante, de trem, na Rua Cosme Velho
ATRATIVOS: Corcovado, Cristo Redentor, a primeira floresta replantada do mundo, trilhas e cachoeiras e ruínas das fazendas de café
QUANTO: R$ 31,36 (alta temporada) e R$ 21,26 (baixa) – a pé; R$ 46 o trem; R$ 49 a van (alta temporada) e R$ 39 (baixa)
Iguaçu – 1.518.876 visitas
ONDE FICA A SEDE: Foz do Iguaçu (PR)
COMO CHEGAR: pela BR-469, no km 22,5
ATRATIVOS: Cataratas do Iguaçu, trilhas, rapel e rafting
QUANTO: R$ 40 (metade para brasileiros e desconto para Mercosul; cobranças extras para transporte e fundo do parque)
Brasília – 248.287 visitas
ONDE FICA A SEDE: Brasília (DF)
COMO CHEGAR: acesso pelo portão 1 na BR-450, Via EPIA – Estrada Parque Indústria e Abastecimento, Setor Militar Urbano
ATRATIVOS: Piscinas formadas a partir dos poços de água, que surgiram às margens do Córrego Acampamento, e trilhas
QUANTO: R$ 15 (metade para brasileiros)
São Joaquim – 139.743 visitas
ONDE FICA A SEDE: Urubici (SC)
COMO CHEGAR: pela SC-438 até Bom Jardim da Serra ou Urubici
ATRATIVOS: Caminhadas; os cartões-postais são a Pedra Furada e o Morro da Igreja
QUANTO: Entrada franca
Serra dos Órgãos – 132.246 visitas
ONDE FICA A SEDE: Teresópolis (RJ)
COMO CHEGAR: na área urbana, na Avenida Rotariana s/nº (que interliga a BR-116 Rio-Bahia, na altura do km 89,5, à cidade)
ATRATIVOS: Piscinas de águas naturais, área para piquenique, trilhas e cachoeiras
QUANTO: R$ 25 (metade para brasileiros e desconto maior para moradores da região)
Ubajara – 108.529 visitas
ONDE FICA A SEDE: Ubajara (CE)
COMO CHEGAR: saindo de Fortaleza, o acesso é pela BR-222 até o município de Tianguá e depois pela Rodovia da Confiança (CE-187)
ATRATIVOS: Gruta de Ubajara, situada em uma depressão de 535 metros com relação à Plataforma Supeirior do Teleférico
QUANTO: Não há cobrança (apenas dos passeios: trilha e teleférico)
Itatiaia – 99.495 visitas
ONDE FICA A SEDE: Itatiaia (RJ)
COMO CHEGAR: pela Dutra (BR-116) até a cidade de Itatiaia, na altura do km 318
ATRATIVOS: Lago Azul, Complexo Maromba, Pico das Agulhas Negras, Abrigo Rebouças
QUANTO: R$ 25 (metade para brasileiros e desconto maior para moradores da região; cobranças extras para trilhas)
Chapada dos Guimarães – 90.949 visitas
ONDE FICA A SEDE: Chapada dos Guimarães (MT)
COMO CHEGAR: A rodovia Emanuel Pinheiro (MT-251), que dá acesso à entrada do parque, margeia-o a partir do km 26, até o Complexo Turístico da Salgadeira
ATRATIVOS: Distrito de Água Fria, Igreja de Nossa Senhora de Santana, Trilha do Matão, Mirante do Centro Geodésico da América do Sul, Cachoeira da Martinha, Caverna Aroe Jari e Lagoa Azul
QUANTO: Entrada franca
Serra da Bocaina – 77.766 visitas
ONDE FICA A SEDE: São José do Barreiro (SP)
COMO CHEGAR: do Rio de Janeiro, seguir pela Dutra até Barra Mansa, entrando na RJ-157 em direção a Bananal e seguindo até São José do Barreiro; a partir de São Paulo, pela Dutra, entrando em Silveiras ou Queluz e depois até São José do Barreiro; saindo de Belo Horizonte, pela BR-381, depois pela BR-267 até Caxambu e daí pela BR-354 até a Dutra. Na Dutra, seguir até Queluz e depois em direção a Areias
ATRATIVOS: Trilhas, rios, cachoeiras, vales, picos, mirantes e locais de interesse histórico e cultural
QUANTO: Entrada franca
Aparados da Serra – 73.590 visitas
ONDE FICA A SEDE: Cambará do Sul (RS)
COMO CHEGAR: pela BR 101, entrada do acesso para São João do Sul – Praia Grande e 23 km de estrada de terra até a entrada do parque
ATRATIVOS: Cânion Itaimbezinho; com profundidade de até 700m, paredões verticais e fenda estreita, é um dos maiores das Américas
QUANTO: R$ 13 (metade para brasileiros)
Por Thiago Reis e Eduardo Carvalho, do G1.

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