Brasil tem preços de Estados Unidos e de países da Europa

Embora o Brasil não esteja classificado como um país rico, com distribuição de renda mais equilibrada e de primeiro mundo, os preços de vários produtos e serviços chegam aos mesmos patamares ou até superam os de países como Estados Unidos e os europeus. É o caso do iPhone 6. Para comprar o aparelho no Brasil é necessário desembolsar US$ 931, enquanto que nos Estados Unidos, onde é mais barato, o celular é encontrado por US$ 598, segundo o levantamento “Mapeando os Preços do Mundo 2016” (“Mapping the World’s Prices 2016”), do Deutsche Bank.
A diária de um quarto de hotel cinco estrelas em São Paulo passou de US$ 359,9 em 2015 para US$ 337 neste ano, o que fez com que o país deixasse a posição de 11º entre os mais caros para a 20ª. Entretanto, a hospedagem em hotel dessa categoria no país é bem mais cara do que em Frankfurt (Alemanha) ou em Tóquio (Japão).
O sanduíche Big Mac também mostra que o Brasil não é barato para os padrões de renda média do brasileiro, que fechou 2015 em R$ 1.113, segundo o IBGE. Em 2015, o sanduíche custava US$ 5,21, mais caro que o da Grã Bretanha (US$ 4,37) e o da zona do euro (US$ 4,26).
No levantamento deste ano, o banco não incluiu o sanduíche. Só que, segundo pesquisa da revista britânica “The Economist”, em janeiro, o Big Mac brasileiro deixou a lista dos dez mais caros, entre 57 países analisados. Passou da nona para a 17ª posição, custando US$ 3,35. Ainda assim, é o mais caro entre os países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Como o dólar valorizou 48% frente ao real em 2015 e continuou em alta em 2016, o Brasil deixou a liderança da carestia de vários produtos, pois precisou-se de menos dólares para comprar os itens aqui, mesmo que o preço em real tenha subido. O iPhone 6, ainda o mais caro do mundo, custa, neste ano, o equivalente a US$ 931. No ano passado, custava US$ 1.254.
Para inglês ver. O levantamento do Deutsche Bank mostra que os preços por aqui não são nada baratos quando comparados com os de países da Europa e com os Estados Unidos, onde a renda da população é bem maior. Só para os gringos o Brasil está mais em conta. O mesmo não vale para os brasileiros, já que a inflação acumula alta de 9,28% em 12 meses, conforme o IBGE, e corrói a renda.
A diretora de ensino do Colégio ICJ, Christina Fabel, que viaja frequentemente para o exterior, ressalta que a análise dos preços não deve ser apenas nominal. “A renda e o poder de compra de um brasileiro e de um europeu não são iguais”, observa. O levantamento confirma o problema e mostra que o Brasil é vice-campeão, entre os 27 países analisados, no que se refere ao índice de preços ao consumidor. Ou seja, a inflação no ano passado, de 9,03%, só não é maior que a da Rússia, que vive tensões militares e amargou 15,52%.
Por Juliana Gontijo, do Jornal O Tempo.

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