Boa herança da crise energética

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Empresas se reinventam e tiram das experiências de crise alternativas para sobreviver, rever negócios e economizar

Pouco antes das polêmicas crises política e econômica pelas quais o país passa, o brasileiro se viu em meio a uma profunda crise energética. Com a falta de chuvas e os níveis dos reservatórios baixos, muitos deles batendo recordes históricos, tudo isso seguido por escassez de água e cortes em algumas regiões do país, a alternativa não poderia ser outra a não ser rever processos e economizar.
A difícil mudança de hábitos começou a ter uma nova história no início de fevereiro, quando as chuvas se firmaram e o aumento dos níveis dos reservatórios fez com que as usinas hidrelétricas voltassem a operar dentro da normalidade, possibilitando o desligamento das termelétricas, que custam mais caro para gerar energia. Desde então, o governo decidiu desligar 22 usinas termelétricas, que vão representar uma economia de R$ 10 bilhões por ano. Com a energia mais barata, o resultado será que, a partir de abril, o consumidor pagará menos.
Essa boa notícia chega em boa hora e agrada muitas empresas que mudaram hábitos e processos na época da crise. Com a busca pela economia, muitos adotaram novos sistemas e ganharam uma boa herança da crise: economia e lucro.
A My Box, empresa de autosserviço em self-storage (guarda-volumes), localizada no bairro Olhos D’água, na zona Sul de Belo Horizonte, desenvolveu o projeto para captação e reutilização de água de chuva ainda no início de construção da planta da empresa. O período da crise hídrica demonstrou que a visão sustentável, juntamente com a mudança de hábitos relacionadas ao desperdício, resultou em uma grande economia para a empresa.
A My Box fica em uma área de 25 mil m² e a metragem de todos os telhados de galpões e contêineres somam uma área total de 6.700 m², o suficiente para abastecer dois reservatórios, um com capacidade para 11 mil litros e outro subterrâneo com capacidade para 9 mil litros. A água é utilizada para irrigação de toda a área verde da empresa e na lavagem de pisos e estruturas físicas. O excedente é aproveitado por outra empresa do grupo, a construtora Santana, que utiliza a água na lavagem de veículos, máquinas e equipamentos diversos.
“O nosso modelo de captação de água foi pensado na concepção do projeto da My Box, há 14 anos, e no auge da crise hídrica reforçamos seu uso”, explica o gerente comercial e de marketing, Bernardo Coelho. “Desde então, conseguimos reduzir em 90% o custo com água. Além disso, a topografia e o modelo adotado na construção da empresa representa também uma vantagem, já que quando chove a água escorre em uma direção que já realiza uma pré-lavagem em toda a área construída”, detalha.
Os resultados foram tão satisfatórios para o caixa que a My Box já planeja novos passos pela sustentabilidade: a empresa já tem em estágio avançado um estudo para a utilização de placas de energia fotovoltaica que vão aproveitar a mesma área de telhados usados para captação de água.
Lavagem a seco
A Localiza, maior empresa de aluguel de carros e gestão de frotas da América Latina, é outra empresa que adotou um processo sustentável em tempos de crise: a lavagem dos automóveis a seco. “Pode-se dizer que, até 90% dos carros da frota são lavados a seco. Os carros muito sujos, que percorrem áreas de estrada de terra, por exemplo, ainda precisam ser limpos da maneira tradicional”, comenta o diretor de Marketing da empresa, Herbert Viana Andrade.
A lavagem a seco foi inicialmente adotada – em caráter experimental para minimizar impactos da crise hídrica em São Paulo – na agência localizada no Aeroporto de Congonhas. A unidade, que faz diariamente a lavagem de mais de quatro mil veículos, obteve uma economia mensal de mais de 330 mil litros de água. “Aproveitamos o momento para repensar não somente os nossos padrões de consumo de água, mas também os nossos processos. Como resultado, já observamos ganhos não só no consumo de água, mas também nos custos e qualidade do carro entregue ao cliente”, comenta Herbert.
A empresa ainda observou outros benefícios, dentre eles, a redução de custo das contas de água e energia, a redução de custo de manutenção das máquinas de alta pressão utilizadas no modelo convencional de lavagem, mais qualidade da limpeza – já apontadas nas pesquisas de satisfação dos clientes, e, ainda, a geração de menos resíduos para o esgoto. “Um impacto positivo muito grande para o país que sofre com a escassez de água e também para a Localiza, que minimiza seus custos”, finaliza o diretor.
Sustentabilidade no varejo
Sem perder o foco na oferta de produtos e serviços gastronômicos diferenciados, o Verdemar desenvolve, há anos, um modelo de gestão alicerçado na sustentabilidade: um valor para os sócios-proprietários que norteia as decisões da empresa, desde o desenvolvimento e aquisição de produtos, à abertura de novas lojas e ao estabelecimento de parcerias comerciais.
A rede de supermercados agora realiza uma nova operação para reduzir o consumo com a energia elétrica: a troca gradativa de todas as lâmpadas fluorescentes, de 20W a 150W, pelas de Led, de 7W a 16W, em suas sete unidades.
De acordo com o gerente de manutenção do Verdemar, Marwan Kobaissi, o principal benefício é a redução do consumo de energia, além, é claro, de exercer a responsabilidade ambiental. “Com a troca, conseguiremos reduzir o consumo de energia, da loja do Sion, em até 68%, por exemplo. O ganho em eficiência energética, mesma qualidade de iluminação com menor consumo de energia, chegará a 179%”, explica o gerente de manutenção, ressaltando que, até o momento, três unidades já tiveram o seu projeto de troca de lâmpadas concluído. Além disso, há outras vantagens nesta substituição como o aumento da vida útil do sistema de iluminação, que reduz, drasticamente, o descarte no meio ambiente e a significativa redução dos custos de manutenção.
Já foram investidos cerca de R$ 345 mil neste projeto e, a expectativa, segundo Marwan, é que esse retorno seja recuperado em dois anos e meio, aproximadamente. “Conseguimos, também, reduzir a quantidade de luminárias e lâmpadas com melhor distribuição luminotécnica nos ambientes”, destaca.
O cuidado com o meio ambiente e com a sociedade estão presentes em outras iniciativas sustentáveis do Verdemar, como a implantação de pontos de coleta seletiva de materiais recicláveis nas lojas desde 2007 e incentivo ao uso de sacolas retornáveis, desde 2009, como alternativa às sacolas plásticas descartáveis.
Rede também investiu na utilização de sistema de refrigeração alimentado por CO2 comprimido, gás 1,4 mil vezes menos poluente que o HFC, reduzindo à zero a emissão de poluentes. Pelo pioneirismo na adoção desta tecnologia na América Latina, o Verdemar foi convidado a participar de duas Conferências sobre o Clima organizadas pela ONU: a primeira em Montreal no Canadá em 2012 e a segunda em Viena na Áustria em 2013.
Fonte: segs
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