Toyota Corolla muda, encarece e faz comprador pensar em carro alemão

Nove meses após a apresentação para mercados do hemisfério norte, a Toyota lançou a nova geração do sedã médio Corolla para o Brasil. O carro nacional, fabricado em Indaiatuba (SP), chega às lojas do país na sexta-feira (14) seguindo o estilo europeu, mais arrojado que o atual, mas ainda conservador — para o mercado americano optou-se por um estilo mais simples, limpo, jovem e esportivado.
Assim, o novo Corolla brasileiro chega como modelo 2015 no documento e preços na etiqueta entre R$ 66.570 e R$ 92.990. A Toyota pesou a mão sobretudo no valor da versão topo da gama, a Altis, que evoluiu pouco em equipamento, mas avançou R$ 6 mil e é a mais cara de um sedã do segmento.
Partindo destes pontos, será que vale gastar mais dinheiro com a nova geração do sedã? Ou é melhor investir em outro modelo? UOL Carros lista quatro comparativos entre a atual (a partir de agora “velha”) e nova geração do Corolla para sanar esta dúvida e aponta — vale até pensar em carro importado alemão antes de assinar o cheque:
VISUAL E ESTILO
+ Características: o sedã está maior e mais espaçoso. São 4,62 metros de comprimento (ganho de oito centímetros), 1,77 m de largura (mais 15 cm) e 2,70 m de entre-eixos (mais 10 cm). O design segue a escola “Keen Look”, que estreou no brasil com o utilitário RAV4 e dá a popular “cara malvada” aos modelos da marca. Além disso, há o conceito chamado pela marca de “Under Priority”, com para-choque e grades frontais mais baixos, reduzindo o perigo a pedestres em caso de atropelamento — no geral, o sedã está cinco centímetros mais baixo.
+ Conclusão: o Corolla era claramente o mais defasado da turma de sedãs médios e vendia por conta da dupla tradição/conservadorismo do segmento. Ainda assim, com o Honda Civic abrindo vantagem e os rivais se aprimorando — veja Chevrolet Cruze, Volkswagen Jetta, Nissan Sentra, Citroën C4 Lounge e Renault Fluence, todos mais atuais e equipados — a marca não poderia mais ficar parada.
A mudança de estilo chega a ser radical, pode não agradar a todos os compradores da marca, mas é bem-vinda. Com ela, o Corolla se alinha a rivais como Civic, novo Sentra e C4 Lounge. Cruze e Jetta são menos chamativos, sem serem feios. O novo Focus, porém, se destaca em termos visuais. Fica ao gosto do cliente.
EQUIPAMENTOS
+ Como é agora: o novo Corolla deu um passo adiante em relação à geração atual, mas concorrência segue à frente.
+ Características: no GLi, traz de série direção elétrica; ar-condicionado manual; chave canivete; tela de cristal líquido no painel de instrumentos com computador de bordo e seis funções; volante multifuncional e coluna de direção ajustável em altura e profundidade; som com conexões USB, iPod e Bluetooth; faróis de neblina, vidros e retrovisores elétricos, interior preto e rodas aro 16. É o mínimo esperado para o segmento, sendo superado até mesmo por compactos premium.
Para ter conteúdo típico de modelos atuais (como ar automático, sistema multimídia com tela central, GPS e câmera) é preciso saltar ao intermediário XEi. É bom lembrar que boa parte deste conteúdo não é inédito e já estava presente na geração atual.
Novidade só na versão Altis. É preciso pagar mais de R$ 90 mil para levar conjunto óptico com luzes de LED e acionamento automático, acesso e partida do motor sem a chave, ajustes elétricos para banco do motorista e retrovisores que se dobram.
+ Conclusão: novamente, o Corolla era o mais defasado no mercado, mas a nova geração avançou apenas o suficiente para se posicionar no século 21. Acontece que este já não é mais o padrão.
Perceba que não falamos em equipamentos de segurança como airbags múltiplos e controles eletrônicos, já que a Toyota ainda não divulga a lista oficial de equipamentos — aquela que UOL Carros costuma compartilhar com seus leitores. Ainda assim, confirmamos junto a representantes da marca que o novo Corolla não tem eletrônica regulando tração e estabilidade em nenhuma versão e portanto fica atrás de rivais como Honda Civic e Chevrolet Cruze, entre outros.
MOTOR E CÂMBIO
+ Como é agora: praticamente como era antes, com substituição do antigo câmbio automático de quatro marchas pelo CVT.
+ Características: os motores são os mesmos, com bloco e cabeçote em alumínio. A Toyota só mudou ligeiramente a calibração e dispensou o “tanquinho” de gasolina da partida a frio. O 1.8 flex, de 144 cv e 18,4 kgfm de torque com etanol é idêntico ao atual. No 2.0, também flexível, houve ganho de 1 cv: 154 cv e 20,3 kgfm de torque com etanol.
A caixa de câmbio manual da versão GLi também é a mesma, com seis marchas. Para as demais, chega o o câmbio CVT (Multi-Drive) que simula sete marchas.
+ Conclusão: Deixemos o câmbio manual de lado. O consumidor principal deste segmento pede câmbio automático e este equipamento era motivo de vergonha para quem dirigia a geração anterior. A Toyota, porém, desviou do caminho adotado por parte da concorrência: nada de câmbio automático ou automatizado com dupla embreagem de seis ou mais marchas.
A escolha da caixa CVT (com polias que podem ter infinitas relações, mas que são eletronicamente controladas para imitar sete marchas) mostra que a marca acredita no caráter mais comedido e menos arrojado de seus compradores — é a mesma solução de outra marca oriental, a Nissan.
PREÇO
+ Como é agora: o Corolla 2015 básico (GLi) ficou 2,6% mais caro que o modelo 2014, diferença que sobe a 3,5% no intermediário XEi e passa dos 7% para o topo da gama Altis.
+ Características: em valores, a diferença entre o novo e o velho chega a R$ 1.710 para a versão GLi; R$ 2.770 na XEi; e R$ 6.200 na Altis. O intervalo entre as versões também se ampliou: o GLi 2014 era R$ 21.930 mais em conta que o Altis 2014, ao passo em que na linha 2015 está R$ 26.420 abaixo; da mesma forma, o degrau entre o XEi e Altis passou de cerca de R$ 9.500 na linha 2014 para exatos R$ 13 mil com o modelo 2015. Vamos detalhar os preços:
Corolla 2015 1.8L GLi M/T — R$ 66.570.
Corolla 2015 1.8L GLi Multi-Drive (CVT)– R$ 69.990.
Corolla 2015 2.0L XEi Multi-Drive S — R$ 79.990.
Corolla 2015 2.0L Altis Multi-Drive S — R$ 92.990.
+ Conclusão: concorrentes que mudaram recentemente, como o Nissan Sentra (chegando do México com preços entre R$ 62.190 e R$ 73.490) e o Ford Focus (importado da Argentina por algo entre R$ 70.690 e R$ 90.890) também tiveram elevação de preço em relação à geração anterior e de intervalo de valores entre versões. Mas o Corolla é mais caro e menos equipado — o carro da Ford tem diferenciais como controles de estabilidade e tração e motor com injeção direta de combustível.
O preço do Toyota é mais alto também na comparação com os vice-líderes de venda Volkswagen Jetta (de R$ 67.990 a R$ 92.890, que pode ter câmbio de dupla embreagem e motor turbo) e Chevrolet Cruze (R$ 72.090 a R$ 85.890 com os já citados controles de estabilidade e tração). O campeão de vendas Honda Civic também tem eletrônica não encontrada no Corolla, é mais barato e chega a representar uma economia de R$ 9 mil se o comprador comparar as versões topo de gama (vai de R$ 65.890 a 83.990).
O preço pedido pela Toyota para o novo Corolla Altis chega a ser tão salgado que passa a ser um bom negócio pensar em um modelo que realmente “agregue status” à garagem, como os das alemãs Mercedes-Benz ou Audi, financiando a diferença. O melhor preço é o do Mercedes C 180, que está prestes a mudar de geração e por isso pode ser encontrado por R$ 105 mil (talvez menos, com alguma negociação extra) e oferece conforto e dirigibilidade impecáveis, motor 1.6 turbo a gasolina de 153 cv. O novíssimo Audi A3 Sedan custa mais caro, R$ 116.400, mas apresenta pacote “matador” em termos de eletrônica e mecânica (motor 1.8 turbo a gasolina com 180 cv). Com um dos dois, o luxo será real.
Por André Deliberato e Eugênio Augusto Brito, do UOL.

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