Revisões da Anfavea reforçam pessimismo sobre economia

A drástica revisão para baixo das estimativas para o desempenho do setor automotivo reforça o cenário pessimista para a indústria e a economia brasileira neste ano, disseram analistas consultados pela Reuters nesta segunda-feira.
Mas as novas estimativas da associação das montadoras de veículos (Anfavea) para a produção e venda de veículos em 2014 não devem levar os economistas a rever suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB), uma vez que a previsão de um fraco desempenho do setor já tinha sido incorporada em seus cálculos.
A Anfavea reduziu nesta segunda-feira a previsão de produção de veículos do Brasil em 2014 para queda de 10 por cento, maior tombo na produção desde 1998. A previsão anterior, publicada no início do ano, era de alta de 1,4 por cento.
“Eu duvido que alguém estivesse muito otimista para esse segmento neste ano”, resumiu a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, lembrando que as instituições financeiras costumam atualizar suas estimativas com frequência maior do que as próprias montadoras.
A indústria automobilística responde por cerca de 25 por cento do PBI industrial. A projeção da Anfavea apenas reforça o que analistas já esperavam para o setor, que vem sinalizando fragilidade desde março.
O economista-chefe da consultoria LCA, Bráulio Borges, já projetava contração de 8,5 por cento no ano de 2014.
“Essa revisão da Anfavea é mais uma adequação do que uma verdadeira mudança na perspectiva”, afirmou ele.
Ainda assim, a projeção da associação reforça o quadro pessimista do setor automotivo neste ano e sustentam os temores de que isso afetará a atividade como um todo, apesar das medidas implementadas pelo governo para tentar estimular a indústria.
O governo federal anunciou na semana passada a prorrogação até o fim de 2014 das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre automóveis, que deveriam ter subido no início deste mês.
“Os números são significativos porque é um setor com cadeia bem longa que acaba influenciando o ciclo da atividade econômica”, afirmou o economista-chefe da Austing Ratings, Alex Agostini.
“Os dados Anfavea não mudam só reafirmam o cenário que não é nada favorável ao setor”, emendou. Nesse quadro, economistas têm reduzido repetidamente suas projeções para a produção industrial e o crescimento econômico.
Segundo a pesquisa Focus do Banco Central, a expectativa é que a economia brasileira cresça apenas 1,07 por cento neste ano e a indústria feche o ano com recuo de 0,67 por cento.
“Nós já vínhamos trabalhando com projeções menos otimistas para o setor automotivo e para a industria como um todo porque os dados de maio já vinham mostrando uma situação muito complicada”, disse a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thais Zara, que prevê crescimento da economia de 1,4 por cento e de estagnação da indústria neste ano.
Por Bruno Federowski e Tiago Pariz, da Reuters.

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