Radares na Fernão Dias começam a multar a partir de segunda-feira

A partir de segunda-feira, motoristas que passarem acima do limite de velocidade nos 562 quilômetros da BR-381 entre Belo Horizonte e São Paulo vão sentir no bolso os efeitos do desrespeito. As multas geradas pelos 19 radares instalados no percurso, 13 deles nos 474 quilômetros do trecho mineiro, vão enfim começar a ser emitidas – mais de um ano depois da data em que os aparelhos foram instalados com condições de operar na Rodovia Fernão Dias e sete anos depois que a estrada passou a ser controlada pela iniciativa privada. A informação sobre o início das autuações é da Autopista Fernão Dias. Segundo a concessionária, a viabilização de um convênio entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), esperado há mais de um ano, garantiu que as imagens dos veículos acima da velocidade vão se transformar em multas. A ANTT informou apenas que as punições começam a ser emitidas em junho, sem especificar data. A PRF garante que todas as questões técnicas estão resolvidas, mas se limita a dizer que motoristas serão multados a partir da semana que vem.
Os 19 aparelhos começaram a ser testados no início do ano passado. De fevereiro de 2014 até abril deste ano, os fiscais eletrônicos registraram mais de 2 milhões de veículos acima da velocidade em todo o trecho. Enquanto a burocracia travava as punições, apenas em Minas 117 pessoas morreram em 6,7 mil acidentes no ana passado. Nos quatro primeiros meses deste ano, foram mais 42 óbitos e quase 2,2 mil acidentes, o que indica tendência de aumento dos indicadores . Um dos equipamentos que costumam flagrar condutores apressados é o radar colocado no km 525, em Brumadinho, na Grande BH, sentido São Paulo. Ontem, a equipe do Estado de Minas flagrou veículos reduzindo bruscamente a velocidade ao passar pelo equipamento, que fica em um trecho de longa descida, conhecido como Serra de Igarapé.
Para o diretor-superintendente da Autopista Fernão Dias, Helvécio Tamm, a simples colocação dos radares, mesmo sem emissão de multas, já representou redução de acidentes e mortes. “Esperamos de agora para frente uma redução maior ainda do número de acidentes e vítimas. Como a Fernão Dias tem um número muito grande de motoristas que circulam sempre pela estrada, muitos sabem que os radares ainda não estavam multando”, afirma o diretor.
Ele explica que uma empresa foi contratada pela Autopista para analisar todas as imagens capturadas pelos radares. Aquelas com problemas técnicos, em que não for possível, por exemplo, identificar as placas, serão excluídas. Diariamente, lotes das imagens aprovadas serão enviados à sede da PRF, em Brasília. Os agentes da corporação identificam os responsáveis pelos veículos e validam as fotografias, devolvendo para a Autopista, que encaminha o material para os Correios. Dali, primeiro são enviadas as notificações de autuação e depois as de penalidade para a casa dos motoristas. Como a estrada foi concedida pelo governo federal à iniciativa privada, foi necessário estipular um convênio para que a PRF seja a autoridade responsável pelas autuações.
A concessionária não pode receber as multas, por isso a necessidade de apenas implantar a tecnologia e operar o sistema homologado pela PRF. “O efeito pedagógico do radar na via multando é imediato. Quanto mais agregarmos ferramentas que aumentem a segurança, melhor será para a redução dos acidentes, mortos e feridos”, afirma o assessor da PRF em Brasília, Diego Brandão.
Acostumado a rodar 7 mil quilômetros por mês, muitos deles na Rodovia Fernão Dias, o comerciante Luiz Flecha, de 63, acredita que já passou da hora de as multas começarem a chegar para quem abusa e excede os limites de velocidade. “Tenho certeza de que muitas pessoas que rodam nesta estrada sabem que os radares estão ligados, mas não estão multando. Quando essas pessoas encontram aqueles que realmente reduzem, acaba criando um risco de acidentes, porque um diminui e o outro, não”, afirma.
O caminhoneiro José Antônio de Oliveira, de 38, roda frequentemente entre o Rio de Janeiro, Belo Horizonte e o Sul de Minas e conhece bem as curvas da Fernão Dias. A fiscalização eletrônica é uma boa alternativa para reduzir os abusos de velocidade que acabam terminando em acidentes, segundo ele. “Como é uma rodovia que tem boas condições, as pessoas acham que podem correr. Até mesmo os caminhoneiros. Trabalhamos com cargas agendadas e algumas vezes não tem jeito, a gente acaba acelerando mesmo”, afirma o condutor profissional.
Francisco Aparecido de Faria, de 37, também caminhoneiro, diz que, como os radares já estão instalados, ele respeita o limite de velocidade. “De qualquer forma é bom saber que vão começar a multar, porque os motoristas só sentem que precisam mudar o comportamento quando pesa no bolso. Ainda acho necessário instalar mais radares, pois muita gente diminui apenas quando vê a placa e o poste. Logo em seguida, acelera outra vez”, afirma.
Por Guilherme Paranaíba, do Jornal Estado de Minas.

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