Queda nas vendas de carros provoca corte de produção

As vendas de veículos, incluindo caminhões e ônibus, caíram 2,1% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2013, revertendo uma alta de 4,6% verificada nos primeiros dois meses do ano. Diante desse quadro, a maioria das montadoras tem adotado medidas de corte de produção, como férias coletivas e suspensão temporária de contrato de trabalho de parte dos funcionários.
De janeiro a março foram vendidos 812,8 mil veículos, em comparação aos 830,4 mil em 2013. Só em automóveis e comerciais leves foram 775,5 mil unidades, uma queda de 1,6%. O segmento de caminhões caiu 6,8%, para 29,9 mil unidades.
Na média de vendas por dia útil foram contabilizados 13.547 veículos nesse primeiro trimestre (com 60 dias úteis), em comparação a 14.075 no de um ano atrás (59 dias úteis), segundo fontes do mercado que fazem os cálculos com base nos números de licenciamentos do Renavam. A redução é de 3,7%.
Só no mês de março as vendas recuaram 15,2% em relação ao mesmo mês do ano passado, para 240,8 mil unidades, e 7,1% menor que os números de fevereiro. Foi o pior março em vendas desde 2008 e o menor resultado mensal desde fevereiro de 2013.
Para o economista Fabio Silveira, da GO Associados, “os consumidores estão mais cautelosos em tomar crédito” por causa da recente alta dos juros e da inadimplência no ano passado. Cerca de 70% das vendas de veículos são feitas por meio de financiamento.
Os estoques também estão elevados, mas os números serão divulgados só na sexta-feira pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Foram os estoques elevados que levaram a General Motors a anunciar férias coletivas de 14 dias para todos os trabalhadores da linha de produção de carros da fábrica de São Caetano do Sul (SP) – de 4,8 mil a 5 mil pessoas, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos local – e de 20 dias para cerca de 400 trabalhadores da unidade de motores em São José dos Campos (SP).
A MAN, fabricante de caminhões Volkswagen em Resende (RJ) vai suspender os contratos de trabalho por cinco meses de 200 trabalhadores, medida já adotada por outras montadoras.
“Estou bastante temeroso pois não é comum dar férias e lay-off (suspensão temporária) nesse período do ano”, diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva.
Segundo ele, a GM abriu recentemente um programa de demissões voluntárias com a meta de obter 600 adesões, mas conseguiu apenas 348.
CENÁRIO
Parte dos executivos do setor já teme uma piora a partir de julho, quando está previsto uma nova alta da alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que vem sendo recomposta em três etapas.
Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul, vê, contudo, um cenário econômico menos preocupante para o segundo semestre, o que deve ajudar nos negócios automotivos. “A recente valorização do real é uma boa notícia porque mostra confiança dos investidores internacionais no Brasil.”
De acordo com ele, também está entrando capital estrangeiro no País como resultado dos juros mais altos. “Embora seja de curto prazo, mostra alta confiança no Brasil comparado com os outros países emergentes.”
Silveira também aposta em melhora de quadro na segunda metade do ano, e mantém previsão de crescimento de 1,7% nas vendas de veículos este ano. A Anfavea projeta alta de apenas 1,1%, para 3,8 milhões de unidades em comparação a 3,76 milhões no ano passado – que foi 0,9% menor que em 2012, a primeira queda após dez anos de crescimento no setor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Cleide Silva.

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