Lei do farol baixo faz lâmpada durar metade do tempo e complica troca

  • Fernando Miragaya/UOL

    Com uso saltando de 100/120 para 200 horas/ano, durabilidade média das peças cai de quatro para dois anos; substituição pode não ser tão simples

    Com uso saltando de 100/120 para 200 horas/ano, durabilidade média das peças cai de quatro para dois anos; substituição pode não ser tão simples

Prepare-se: com a nova lei que obriga o uso de faróis baixos em rodovias, você terá de substituir com maior frequência as lâmpadas do seu carro. Os mecânicos que se cuidem, pois a tendência é terem mais trabalho de agora em diante.
Afinal, se até aqui o brasileiro trafegava de 150 a 200 horas por ano com os faróis acesos, agora a média subirá a ser de 350 a 400 horas/ano. Como a vida útil das lâmpadas é estimada em 800 horas, a durabilidade deve cair pela metade: de quatro para cerca de dois anos.
Só que a substituição já não é mais tarefa tão simples quanto trocar a lâmpada da sala. O engenheiro Guilherme Mendes, 33, que o diga. Morador da Vila Madalena, em São Paulo, e dono de uma Ford Ranger 2014, tentou, em vão, fazer a troca ele mesmo do farol queimado de sua picape.
“Imaginei que fosse simples, mas é tanta peça para retirar atrás das lentes que só em uma oficina mesmo”, admitiu. “Cronometrei no relógio: o mecânico levou 48 minutos para trocar a lâmpada”, contou.

Trocar lâmpada = trabalho complexo

Com conjuntos ópticos elaborados, novas tecnologias de iluminação e automóveis mais complexos em termos de construção e desenho, boa parte dos modelos atuais exige que você vá até uma oficina para fazer o que antes parecia simples.
“Abra o capô de um carro. Antigamente, você via o chão. Hoje, são vários componentes e peças. O carro está mais complexo e o acesso aos faróis, mais difícil”, explicou Egidio Vertamatti, gerente de desenvolvimento de produto da Arteb, fabricante de faróis e lentes.
Tal complexidade não é exclusiva de modelos mais caros, como a Ranger de Guilherme Mendes. Um Fit de segunda geração (2009 a 2014) requer ginástica e contorcionismo para solucionar o mesmo problema. É preciso tirar a peça de proteção do para-barro para acessar a parte posterior dos faróis, por exemplo.
O monovolume da Honda, inclusive, é apontado como campeão em dar trabalho nesse quesito por Francisco Vidal, dono de uma oficina há 29 anos na Cidade Nova, bairro central do Rio de Janeiro. Ele listou, na sequência, Peugeot 206, Citroën C4, Mitsubishi L200 e Mercedes-Benz Classe A (aquele que foi produzido no Brasil no início dos anos 2000).
Vidal testemunha diariamente a dificuldade que é substituir as lâmpadas dos carros de seus clientes. “Em muitos modelos você tem que trabalhar no tato, pois o farol está cada vez mais embutido nos projetos. O dono só vai conseguir trocar por si mesmo se for muito habilidoso”, constatou.
Robson Santos, auxiliar administrativo de 30 anos, nem tentou testar suas habilidades. Levou seu Renault Clio 2012 para trocar as duas lâmpadas e ficou impressionado com o trabalho que o mecânico teve para se espremer embaixo do hatch, depois de tirar todo o para-choque e desmontar o farol – um processo que levou meia hora.
“Não tem ângulo nem espaço para você colocar a mão no conjunto. O profissional comentou que, se não tivesse de tirar tantas peças, qualquer um poderia trocar a lâmpada”, relatou.

LED é a solução

A esperança é que a tecnologia full-LED se torne popular o quanto antes. Hoje comuns só em modelos de luxo ou segmentos mais caros — alguns compactos, como Hyundai HB20 e Peugeot 208, oferecem a tecnologia só na forma de guia diuro –, as lâmpadas desse tipo têm duração superior a 10 anos.
“Quando começarem os faróis inteiramente de LED [a serem populares], não vai haver mais troca de lâmpadas. Mas isso é uma tecnologia que só se tornará mais acessível daqui a cinco, dez anos”, acredita Vertamatti, da Arteb.
Se serve de alento, lâmpadas veiculares não costumam ser muito caras. Em modelos compactos e médios, custam entre R$ 20 e R$ 60 a unidade. Mesmo a da Ranger sai por R$ 40, com a troca incluída.
O que pode ser negócio, pois é a mão de obra que costuma pesar no bolso, com orçamentos entre R$ 60 e R$ 100. A justificativa está aí: dá um trabalho danado.
Fonte: UOL Carros

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