Conheça (e, se for o caso, recuse) nove serviços "empurrados" na revisão

Na hora de comprar um carro novo, os vendedores ressaltam as vantagens do programa de revisões da marca. Algumas promessas são sempre as mesmas: “Os preços são fixos, você sai da loja sabendo quanto vai pagar”, ou “A mão-de-obra é gratuita nas primeiras revisões”, entre outras.
Quando chega a hora de levar o carro à concessionária, vem o choque: uma série de serviços adicionais, não previstos na revisão, é oferecida ao proprietário, potencialmente encarecendo aquele “valor fixo” comunicado no momento da compra e garantindo um faturamento extra para a loja. “Não há uma explicação adequada sobre eles, e fica a impressão de que estão sendo empurrados sem haver necessidade”, diz Daniel Lauri, especialista técnico do Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária).
Confira abaixo uma lista de nove procedimentos que, muito provavelmente, serão oferecidos a você na hora de revisar seu carro. Entenda-os, e decida se é realmente necessário desembolsar mais dinheiro por eles.
DESCARBONIZAÇÃO DO MOTOR – Preço médio: R$ 400
Procedimento que retira o excesso de detritos nos cilindros do motor. Só é recomendado para veículos de uso predominantemente urbano (ou seja, que rodam pouco em estrada, em velocidades constantes) e que estejam apresentando problemas de ignição e trancos em baixas rotações. A má qualidade do combustível pode contribuir para acentuar o problema.
CRISTALIZAÇÃO DA PINTURA – Preço médio: R$ 350
Também conhecida como espelhamento, consiste na aplicação de uma camada protetora de resina sobre a pintura, aumentando brilho e durabilidade. Só é indicada para carros muito expostos a intempéries, como os utilizados em regiões de maresia ou guardados em garagens descobertas.
HIGIENIZAÇÃO DO INTERIOR – Preço médio: R$ 350
Você não deixou cair um ovo podre em seu automóvel? Não passou por uma enchente? Não tem filhos espalhando farelo de biscoito, nem animais de estimação soltando pelos no estofamento? Então não vai precisar desse serviço. A higienização de interior consiste na retirada de bancos e carpetes (como mostra a imagem), com aplicação de produtos fortes para remover manchas e eliminar o mau cheiro. Trata-se de um processo de limpeza profunda, dispensável se o nível de sujeira não for extremo.
LIMPEZA PREVENTIVA DOS BICOS INJETORES – Preço médio: R$ 200
Não existe limpeza “preventiva” de um bico injetor. Ela só precisa ser feita em casos específicos em que o motor não vem demonstrando a mesma “saúde” de antes (apresentando falhas, perda de potência ou consumo muito acima da média, por exemplo). Mais uma vez: usar combustível de má qualidade potencializa esse tipo de problema.
HIGIENIZAÇÃO DO AR-CONDICIONADO – Preço médio: R$ 150
Se, ao ligar o ar-condicionado, o motorista sente odor de mofo, mesmo que fraco, chegou a hora de higienizá-lo. Ao passar pela câmara de resfriamento, parte do ar condensa, criando um ambiente úmido; a dica para retardar esse processo é, sempre que possível, ligar o ar quente e forçar a evaporação.
INCLUSÃO DE PROTETOR DE CÁRTER – Preço médio: R$ 150
Durante a revisão, algumas concessionárias chegam a oferecer este acessório quando percebem que o veículo não saiu de fábrica com ele. Atenção: a ausência da peça pode não ser por acaso. Ford e Volkswagen, por exemplo, desaconselham a instalação, porque em vez de proteger o reservatório de óleo (o cárter) ele contribui na deformação de outras peças em caso de acidente.
ALINHAMENTO E BALANCEAMENTO – Preço médio: R$ 100
Segundo o Cesvi, é aconselhável cuidar dos pneus e rodas a cada 10.000 quilômetros rodados, mas nenhuma fabricante inclui tais processos nas revisões. Portanto, se eles foram feitos no intervalo entre revisões, não precisa ser feito novamente.
LUBRIFICAÇÃO DAS PORTAS – Preço médio: R$ 50
Na hora da revisão, há autorizadas que sugerem a lubrificação (que pode ser chamada de “kit de lubrificação”) de pontos móveis como as dobradiças das portas, capô e porta-malas, a fim de prevenir ressecamento. Aceite somente caso seu carro esteja apresentando ruídos indevidos nessas peças.
REVISÃO ESPECIAL – Preço variável
Não é incomum ouvir relatos de proprietários que foram aconselhados a fazer “revisões especiais” entre duas obrigatórias. Trata-se de serviço totalmente desnecessário, a não ser que se planeje uma viagem longa nesse período.
DEFENDA-SE
UOL Carros entrou em contato com as assessorias das quatro marcas mais vendidas do país, para saber o que elas recomendam oficialmente aos consumidores e às autorizadas. A Fiat garantiu “seguir estritamente aquilo que está no manual do proprietário”, e que “qualquer serviço extra deve ser combinado entre concessionárias e clientes”.
Já a Ford ressaltou que “preconiza a transparência no atendimento, disponibilizando a lista de serviços e valores das revisões em seu site e outros meios de comunicação”. Acrescentou ainda que “serviços adicionais podem ser requeridos de acordo com o perfil e característica de uso, desde que haja consenso prévio do cliente para sua realização”. GM e Volkswagen não responderam.
Para Daniel Lauri, do Cesvi, há três formas de se precaver contra a “empurroterapia” na revisão: 1) Leia e siga o manual do veículo; 2) Questione a oferta do serviço extra. 3) Tire suas dúvidas com o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) das fabricantes. “Se for o caso, peça que o mecânico mostre, no próprio carro, qual o problema e o que será feito”, recomenda Lauri.
Por Leonardo Felix, do Uol.

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