Preços de seguro de carro caem no Rio, aponta estudo

Apesar do aumento no número de roubos a veículos no Rio, contratar um seguro de automóvel está mais barato para os cariocas. Do ano passado para cá, o preço médio de uma apólice chegou a cair mais de 20% em um mesmo bairro, segundo levantamento feito para o GLOBO pela plataforma on-line de comparação de seguros Bidu. Contribuem para a tendência uma maior competição entre seguradoras, o cenário de juros mais altos e consumidores que, com o orçamento apertado, estão mais sensíveis a preço.
A pesquisa comparou os custos de contratação para um automóvel ainda não segurado do modelo Gol 1.0 flex, quatro portas, zero quilômetro, em 20 endereços das zonas Norte, Sul e Oeste do Rio no fim de 2013 e este mês. Apenas quatro dos 20 locais comparados registraram aumento no preço médio: Leblon (alta de 0,44%), Jardim Botânico (0,69%), Gávea (0,86%) e Ilha do Governador, este com a alta expressiva de 15,5%. Em 16 bairros houve queda, com o barateamento chegando a 22,7% no Maracanã. Também foi registrada queda relevante em Vila Isabel (18,2%), Recreio (17,9%), Tijuca (15,8%) e Laranjeiras (13,2%).
UPPs e juros influenciam
Para realizar a comparação, o site considerou o perfil de um homem de 40 anos, casado e que possui carteira de motorista desde os 18 anos. O cliente hipotético também tem garagem para guardar o carro. O trajeto entre sua casa e o trabalho é de 25 quilômetros. O Bidu cotou os preços de oito grandes seguradoras. Foram considerados como referência endereços nas principais ruas dos bairros.
— É perceptível uma mudança de estratégia das seguradoras, o que se refletiu nos preços. Embora a economia ande a ritmo lento, o mercado de seguros cresce com força, sendo que 70% da frota segurável do país ainda não têm proteção. No Rio, notamos um aumento na competição entre as empresas — disse Maurício Antunes, diretor de marketing do Bidu. — Com preços menores, este é um bom momento para contratar seguro na cidade.
Embora o número de veículos furtados nas regiões pesquisadas esteja caindo, os roubos de carros (modalidade de crime que acontece quando o motorista está presente) têm apresentado alta significativa. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio, enquanto o furto caiu 7,3% entre entre janeiro e outubro deste ano na Zona Sul, em comparação ao ano passado, os roubos saltaram 20%. Combinados, esses dois crimes cresceram 0,52% na região. Na Zona Norte, os furtos caíram 4,6% no período, mas os roubos avançaram 10,4%, provocando elevação de 5,8% na ocorrência dos dois crimes combinados. Na cidade como um todo, os furtos caíram apenas 0,44%, enquanto os roubos avançaram 15% — levando a uma aumento de 8,9% nas ocorrências.
Mas Neival Freitas, diretor-executivo da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), que reúne companhias do setor, explica que muitos outros fatores são levados em conta para a formação de preço.
— O que as seguradoras levam em conta é a incidência de sinistros em sua carteira segurada. Então, mesmo com a criminalidade em alta, é possível que as empresas estejam sendo menos afetadas por isso. A cidade também tem a particularidade das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), que reduziram a violência em vários pontos do Rio — afirmou.
Freitas também chama atenção para a influência da elevação dos juros. A taxa básica do país, a Selic, iniciou uma escalada de altas que a fez saltar de 7,25% ao ano em abril de 2013 para 11,75% hoje. Embora o aumento dos juros tenha reduzido a demanda por bens de consumo como automóveis, as seguradoras são beneficiadas pelos ganhos financeiros que os juros proporcionam:
— As seguradoras são obrigadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) a fazer um provisionamento para garantir a cobertura dos sinistros. Como esses recursos são aplicados no mercado financeiro, a elevação dos juros beneficia a receita das seguradoras, um dos fatores que afetam a formação do preço.
Um dos exemplos de maior competição é a entrada de novas seguradoras no Rio. A HDI, que já atuava em todo o país, só começou a segurar automóveis na cidade a partir de agosto deste ano. De lá pra cá, já abriu quatro filiais comerciais. Segundo Fábio Leme, executivo da HDI, a decisão de entrar no Rio foi motivada sobretudo por políticas de segurança pública como as UPPs.
— Percebemos um ambiente propício a, finalmente, operar no Rio. E é claro que entramos com uma estratégia de preços agressivos, até 30% abaixo da média, para atrair clientes — explicou.
Pesquisa: até R$ 1 mil a menos
Leme também credita o barateamento dos seguros ao mau humor com a economia, que tem feito os consumidores pesquisarem mais antes de fechar contrato:
— O incentivo à compra de automóveis e o baixo desemprego encareceram muito as peças, levando o valor do seguro ao patamar mais alto nos últimos anos. Hoje, com a economia mais fraca, os clientes estão pesquisando mais, o que pressiona os valores para baixo este ano.
De fato, o levantamento do site Bidu prova que pesquisar vale a pena. A diferença de preço cobrado pelas seguradoras pode chegar R$ 961 em um mesmo endereço, caso detectado no Maracanã. Outras grandes discrepâncias foram encontradas em bairros como Gávea (R$ 732) e Santa Teresa (R$ 635).
Por Rennan Setti, do O Globo.

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