Mobilidade como serviço é o novo negócio da indústria automotiva

Montadoras, fornecedores e entrantes do mercado apostam em receitas recorrentes

Enquanto tateia para entender seu papel diante de tantas transformações, a indústria automotiva parece ter chegado a um consenso com startups e fornecedores de tecnologia: o negócio do futuro não é vender carros, mas entregar mobilidade como serviço. O desafio está em entender quais são as soluções mais promissoras para o consumidor. A vantagem, por outro lado, é que este modelo garantirá receitas recorrentes, não só o faturamento pontual com a venda do veículo. “Com esta abordagem as empresas podem interagir com o cliente constantemente, monetizar serviços, aumentar resultados no pós-venda e, principalmente, fidelizar clientes”, defende Alexandre Guimarães, diretor de elétrica e eletrônica da General Motors no Brasil.

O executivo participou de painel no Congresso SAE Brasil 2017, que acontece até quinta-feira, 9, Em São Paulo (SP). No evento ele apresentou os bons resultados da bem sucedida experiencia local da companhia com a oferta de outras soluções e serviços. “No exterior temos duas marcas ligadas à mobilidade, a Lyft, concorrente da Uber, e a Maven, de carros compartilhados”, diz, contanto que a companhia testa esta última no Brasil, mas por enquanto apenas com funcionários da fábrica de São Caetano do Sul, no ABC Paulista. “O carro particular fica, em média, apenas 5% do tempo em uso. Conseguimos subir esse número para 24% com o compartilhamento, mas ainda dá para melhorar”, diz, comentando as primeiras conclusões da experiência.

Segundo Guimarães, apenas com investimento em serviços a indústria automotiva será capaz de sobreviver em um ambiente em que o carro já não é mais objeto de desejo. “Precisamos ser capazes de reconhecer que as pessoas já não querem mais ter um automóvel como antes”, conta. O executivo lembra que, globalmente, a classe média está em expansão. Este movimento deve puxar a demanda por veículos por alguns anos, mas no longo prazo a tendência é de redução.

Enquanto engatinha com a oferta da Maven localmente, a General Motors tem experiência mais consistente com a oferta do sistema de conectividade OnStar, que já conta com 195 mil usuários no País que pagam assinatura mensal para contar com os recursos como localização, chamada de emergência e concierge inclusos no pacote. Guimarães diz que a maior conquista da companhia com a comodidade é a proximidade com o cliente, que acessa a empresa pelo aplicativo no celular ou por um botão no carro. 

RECEITA RECORRENTE

Sérgio Luis Reis, diretor da área industrial da IBM, lembra que as montadoras precisam construir agora o relacionamento que vai garantir o futuro do negócio. “Vemos muitas empresas serem atropeladas por concorrentes com a mudança completa de alguns mercados. Com serviços, as empresas garantem um faturamento recorrente”, destacou. A empresa é parceira da General Motors na oferta do OnStar. O executivo destaca, no entanto, que há uma série de outras possibilidades para as soluções IBM na indústria automotiva. “Estamos desenvolvendo com uma montadora no Brasil um manual digital para o carro, que funcionará com o Watson”, diz, citando o sistema de inteligência cognitiva da companhia.

Enquanto as montadoras atualizam seu formato de atendimento, há uma série de jovens empresas que já acumulam grande experiência no desafio de melhorar a jornada do cliente. Uma delas é a Zazcar, que também participou do debate no Congresso SAE. “Enfrentamos uma série de desafios para garantir que tudo funcione pelo aplicativo e rode de forma digital”, conta Bernardo Mazzino, CEO da empresa. Parece que a empresa tem sido bem sucedida nesta evolução: o cliente pode até mesmo destravar a porta do carro que vai usar pelo sistema on-line desenvolvido pela startup.

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