BMW vai ampliar nacionalização

BMW

De Valor Econômico

O grupo BMW, líder mundial na produção de automóveis e motocicletas de luxo, não vai alterar seus planos de investimento no Brasil. E sinaliza que vai tentar compensar a volatilidade do câmbio em emergentes como o Brasil com mais produção local e maior utilização de conteúdo local.
“Vamos desenvolver nossos negócios no Brasil com isso claramente na agenda”, afirmou um dos membros da diretoria executiva global, Ian Robertson, responsável por vendas e marketing do grupo alemão, que faturou € 80,4 bilhões em 2014 com a venda de 2,117 milhões de carros.
O executivo disse que a gradual nacionalização na fábrica em Araquari (SC) faz parte do compromisso da BMW com o governo, “mas também uma maneira para superar a volatilidade do câmbio e ter um bom equilíbrio entre produção local e importações”.
Na sede da empresa, em Munique, a mensagem repetida por executivos não variou em relação ao Brasil: a queda do PIB vai definitivamente afetar o setor automotivo. Mas a contração da economia e incertezas políticas atuais não vão impactar na sua estratégia neste mercado.
“Não se sabe se a economia brasileira vai piorar ou melhorar, e é difícil prever o que pode ocorrer em dois ou três anos”, disse outro membro da diretoria global, Peter Schwarzenbauer. “Mas a decisão de investir no Brasil foi pensada para 20, 30 anos. Agora é a fase de investir.”
Para Robertson, a volatilidade atual é a “nova normal” em mercados emergentes, e não apenas no Brasil. “Independente do país, ou mesmo da variação do preço da gasolina, os mercados emergentes estão oscilando demais, mais do que costumava ser.”
Nesse cenário, BMW espera administrar a situação porque “estrategicamente temos certeza que o Brasil é um mercado onde o desenvolvimento de clientes premium é muito grande e com crescimento acelerado no médio prazo”.
O mercado brasileiro de carro de luxo representa só 1,5% do mercado nacional automotivo. Em emergentes como Índia e Rússia está por volta de 10%. Na Alemanha é 30%, nos EUA de 12% a 15%.
BMW está investindo € 200 milhões na fábrica no norte de Santa Catarina, que começou a funcionar em outubro, onde já produz 50 carros por dia. Três modelos começaram a ser produzir e outros dois entram na linha este ano, incluindo o Mini. O número de funcionários deve passar dos 500 atuais para cerca de 800 por volta de setembro, pelos planos.
Para Robertson, a escala de 32 mil carros por ano para o mercado brasileiro é lucrativa. Explicou que em vários mercados a operação começa pequena. Além disso, o segmento de luxo se desenvolve a taxas diferentes daquela do segmento regular de automóveis.
A BMW iniciou também a construção de fábrica para produção de 150 mil carros por ano no México, cinco vezes mais que no Brasil. O executivo disse que parte importante será exportada, facilitada pela existência de acordos de liberalização que o México tem com blocos econômicos. “Produção segue a demanda do mercado”, afirmou.
Os quatro maiores mercados de vendas para a BMW são a China, os EUA, a Alemanha e a Grã-Bretanha. No ano passado, o grupo vendeu 456 mil unidades na China, comparado a 58 mil em 2008. Agora o mercado chinês está mudando. A economia desacelerou. E há restrições em várias cidades, onde só se pode vender carros novos no equivalente ao número de carros velhos retirados do mercado.
A BMW vislumbra mais negócios, em todo caso, em muitas cidades chinesas com cerca de um milhão de habitantes.
As vendas nos Estados Unidos voltaram em 2014 ao nível de antes da crise global. E a Europa pela primeira voltou a crescer em seis anos. Mas Robertson nota que a situação ainda é desequilibrada e a Europa vai demorar de 3 a 4 quatro anos para voltar ao nível pré-crise. Enquanto as vendas na Espanha e Reino Unido cresceram bastante, na Alemanha está estável embora com vendas de três milhões de carros, e a Holanda teve o pior desempenho de vendas em 41 anos.
Na Rússia, a desvalorização de 50% do rublo gerou uma oportunidade de negócios para a BMW. O executivo conta que muitos consumidores optaram em investir em automóvel de luxo, visto como ativo de mais valor do que ficar com uma moeda fraca.
Para este ano, o grupo continuará apostando em carros elétricos, mas acha que a evolução desse modelo acontecerá em diferentes ritmos nos países. Na Europa, com uma das mais duras regulações contra emissões de CO2, a Noruega reduziu imposto e oferece até estacionamento gratuito na cidade, de forma que cerca de 12% do parque automotivo é veículo elétrico hoje. Já na Alemanha, a meta é de um milhão desses carros até 2020, mas a empresa não vê nada que dê sustentação a isso.
Fonte: ABLA

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