BH: Tempo de deslocamento por carro sobe 62% em dez anos

Andar de carro em Belo Horizonte ficou 62% mais lento em dez anos, e, com isso, o tempo gasto nas viagens aumentou 12 minutos. Em 2002, o belo-horizontino que optava pelo carro para se deslocar gastava em média 20 minutos para chegar a seu destino. Em 2012, esse tempo passou para 32 minutos e 32 segundos. O maior aumento na lentidão ocorreu nos bairros de alta renda, com destaque para o Belvedere, na região Centro-Sul.
As informações são da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), com base na Pesquisa de Origem e Destino, feita em 2012. Elas servem de base para a elaboração e execução do Plano Diretor de Mobilidade Urbana (PlanMob-BH), com previsão de ações até 2020.
Campeão. Levando em conta os bairros mais nobres, o tempo médio de viagem cresceu 71%, de 18 minutos e 32 segundos para 31 minutos e 58 segundos. Só na área do Belvedere – que compreende também os bairros Buritis, Pilar e Olhos D’Água – o tempo de deslocamento cresceu 93%, de 19 para 36 minutos.
O contador Flávio Rodrigues, 29, mora no Belvedere há dez anos e conta que a piora foi nítida. “O bairro cresceu muito, e cada apartamento aqui representa ao menos dois carros a mais nas ruas. Se houver qualquer problema ao longo da BR–356, o congestionamento se estende por toda a Nossa Senhora do Carmo e chega na Savassi”, conta. Segundo ele, no horário de pico, há um acréscimo de cerca de 30 minutos em seus deslocamentos na região.
De acordo com o especialista em trânsito e transportes Osias Batista, enquanto a frota de veículos cresceu mais de 100% nesse período, a capacidade viária da cidade não aumentou 10%. Apesar disso, Batista ressalta que alargar vias não resolveria esse problemas. “Quando você aumenta a capacidade viária, aumenta também a demanda para aquela via. Com o crescimento expressivo da frota, a expansão viária vai sempre ser menor que a demanda criada”, explica o especialista.
População
Belvedere. A região também é a que teve o maior crescimento populacional da capital. De 2002 para 2012, o número de moradores passou de 49.591 para 75.549 – alta de 52,3%.
Viagens de moto disparam
Em dez anos, o número de viagens de moto em Belo Horizonte teve um crescimento de 648%. Em 2002, eram 33.784 deslocamentos, contra 252.983 em 2012. Levando em conta somente os moradores de vilas e favelas, a alta foi 1.977% – a BHTrans não informou os números absolutos. As principais causas desse fenômeno são o custo mais baixo das motos e da manutenção (em comparação aos carros). “As motos são um grande concorrente do transporte público. Por mais que o automóvel ofereça um conforto maior, ele ainda é mais caro que andar de ônibus. Isso não ocorre com a motocicleta. Ela é uma alternativa mais barata que o coletivo e percorre distâncias com mais agilidade que os carros”, afirma o coordenador de política sustentáveis da BHTrans, Marcelo Cintra.
Sem verba para obras viárias na Contorno
Para melhorar o tráfego na região Centro-Sul, estão previstas no Plano Diretor de Mobilidade (PlanMob-BH) diversas ações viárias na avenida do Contorno. Mas para virarem realidade, a prefeitura ainda precisa de recursos. Entre as obras apontadas está a construção de trincheiras nos cruzamentos com as avenidas Amazonas, Nossa Senhora do Carmo e Afonso Pena. No planejamento também consta a duplicação do viaduto do Floresta e melhorais na alça de acesso à Raja Gabaglia. Para todas essas intervenções, a prefeitura precisa de pelo menos R$ 52,7 milhões. O planejamento era ter essas obras concluídas até 2020, mas o coordenador de políticas sustentáveis da BHTrans, Marcelo Cintra, explica que a previsão de investimentos está abaixo do esperado.
Por Bernardo Miranda, do Jornal O Tempo.

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